terça-feira, 29 de abril de 2008

Memórias

Foram já muitas as ocasiões em que eu disse que a nossa vida era como uma peça, onde nós somos a personagem principal. Cada momento acaba por representar uma cena no nosso palco e cada pessoa é mais uma personagem ou figurante que faz parte do nosso enredo.

A certa altura, se calhar teremos necessidade de resumir a nossa história para podermos apresentar-nos a outra pessoa. Será então um teste à nossa capacidade de organização de ideias. Na grande maioria das vezes, contamos as recordações que temos mais presentes na nossa memória e acabamos por ocultar certos episódios que praticamente se varreram da nossa mente.

Nós não somos um conjunto de recordações, mas sim um conjunto de vivências e experiências. São os nossos actos e atitudes que nos caracterizam. Aquilo que vivemos foi o que nos tornou naquilo que fomos um dia e nos fez viver nas experiências seguintes. Recordações, boas ou más, são meros filtros que podem acabar por banalizar uma experiência talvez completa mas que a nossa mente encarregou-se de encaminhar para o esquecimento.

No fundo, algo acaba por se esconder de forma consciente ou inconsciente, mas que faz parte da base do nosso ser. Não nos lembramos ou simplesmente podemos não dar o devido valor mas certo é que contará sempre muito para um dia conseguirmos atingir certas metas. Mais que não seja por ter feito parte de todo um percurso...

domingo, 27 de abril de 2008

A bordo

Existem situações que só teremos uma oportunidade na vida para aproveitar. Quando o comboio passa na estação e nós não o apanhamos, haverá alguma esperança de conseguir subir a bordo?

As nossas vidas são como um comboio controlado por nós. Somos nós quem determina quanto tempo ficamos parados numa determinada fase da nossa vida. Acabamos por possuir o discernimento para avaliar quem é que queremos que esteja à nossa volta, apesar de às vezes sermos enganados pelas aparências. Temos um destino, mas de um momento para o outro podemos mudar...

Isso mesmo, mudança... A vida é dinâmica e por isso, o nosso "comboio" também. Passageiros entram e saem, embora alguns vão ficando até ao fim da linha e outros um dia saem e depois querem retomar a viagem. As "estações" também variam e raramente paramos duas vezes no mesmo sítio.

Está em nós a maioria do controlo mesmo que sejamos influenciados por outro tipo de situações. Fases e pessoas vão e vêm e só nos sujeitamos ao que acharmos realmente importante. Dia após dias aparecem novas realidades a preencher a paisagem da nossa viagem.

Até ao dia em que pegamos o último passageiro ou ao dia em que chegamos à estação terminal.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Caminhando

Uns têm perfil para seguir e outros têm perfil para liderar. Existem também aqueles eu gostam de se impor e que a sua deve ser levada ao máximo enquanto que outros se submetem. Outros têm valor, mas não acreditam em si e acabam por aceitar outras indicações...


Eu ando assim
Ando atrás de ti
Acordo assim
Na estrada em que vou

E a cada passo
Sei saber melhor

O que vejo…
Rui Veloso

E eu procuro seguir os mesmo caminhos que tu. Não quero correr atrás de ti ou seguir-te para todo o lado. Não quero estar dependente da tua vontade nem submeter-me às tuas ordens. No entanto, quero estar livremente condicionado por ti. Deverão os nossos caminhos ser os mesmos? Talvez sim, talvez não... Mas não o serão por eu me submeter aos teus desejos nem por tentar impor-te os meus.
Passo após passo, seguimos uma direcção que por vezes pode parecer não coincidir nem ser compatível, mas a verdade é que estamos quase sempre lado-a-lado. E o que eu vejo é uma convivência possível dentro de realidades que parecem ser tão diferentes.

Contigo existe algo, mas que se calhar nunca conseguiremos entender plenamente o quê. Até lá, andamos em direcção a algo que tanto nos aproxima como nos afasta, nos faz dizer "Olá" ou então sofrer com a partida. Enfim, caminhos pelos quais a vida nos leva mas não sabemos a direcção...

E para ti que lês este texto, se em algum momento pensaste "Estará ele a falar para mim?", então, podes ter muito bem a certeza que não estou...

Boa noite!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Chuva

Num mês de águas mil e situações sempre imprivisivéis, encontrei climas bons onde não esperava encontrar e fui acolhido numa tempestade no meu regresso. Quase que apetecia dizer que deixei para trás os bons tempos e voltei para dias tristes e escuros.

São tantos os sentimentos e sensações proporcionados pela chuva que nos molha ou pela qual nos deixamos molhar. Damos por nós envolvidos em tempestades das quais não conseguimos sair ou que por outro lado nem essas tempestades nos conseguem abalar.

Frank Sinatra expressou de tal forma a sua felicidade que nem mesmo as gotas que caíam conseguíam demovê-lo. Já Phil Collins esperava que a chuva viesse e permitisse limpar os seus actos. Guns'n'Roses transmitem confiança e esperança ao dizer que nada fica mal para sempre, nem mesmo a chuva de Novembro. Ivete fala do raiar de um novo dia e a bonança depois de uma tempestade.

Pode chover... Pode pingar durante muito tempo... Tempestades podem parecer arrasadoras... Simples aguaceiros podem destruir muito do que nos rodeia... Mas a chuva não vem para dar um sinal de dor, mas para dizer que o melhor está para vir...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Em Viena

Cidade imperial, carregada de mística e histórias de encantar. Com um urbanismo sofisticado e construções imponentes, Viena tem condições para agradar qualquer um de nós, mais que não seja pela sua diversidade. Assim, toda a gente consegue encontrar nela algo com que se identifique.

Por entre marcas de luxúria e ódio, contrapõe-se as histórias de solidariedade e paixão. Numa cidade com tamanha beleza, as pessoas transmitem uma frieza indescritível. Mas o sangue latino consegue deixar sempre a sua marca.

Fosse num jardim ou num palácio, num museu ou num concerto, a imponência e esplendor vienense ganhavam ainda mais vida face à vivacidade lusitana.

Uma cidade de beleza infinita, onde a saudade que podia cair sobre qualquer um foi suplantada pelo espírito e amizade de um grupo acabado de formar.


Mas aquilo que tanto nos marca na nossa vida, não desaparece em vão. E nem esta Viena me faz esquecer a minha Lisboa e tudo que ela me dá.

Olisipo

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Um dia aprendemos

Às vezes parece que sabemos tudo
Um dia queremos uma coisa, no outro já queremos outra
Procuramos culpados, em vez de procurar soluções
Achamos que alguém nos quer ver a sofrer
Não tentamos perceber situações que merecem ser compreendidas
Pensamos que tudo nos corre mal
Atingimos pontos de ruptura onde já nada há a fazer

... Mas um dia aprendemos que o que hoje nos parece certo, amanhã muda completamente de prisma



Obrigado amiga por me teres enviado este vídeo.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Outra visão

Será possível a capacidade de odiar ser maior do que a capacidade de amar? Acredito sinceramente que muitas pessoas estão carregadas de pensamentos negativos que as levam a sentir-se ameaçadas pelo mais pequeno pormenor que acontece à sua frente mas que acabam por interpretar como um ataque à sua pessoa.

Claramente, isto é um sinal de fraqueza que demonstra a incapacidade de uma pessoa de enfrentar uma situação que acaba por considerar adversa. Todos tomamos juízos precipitados e estas pessoas que não sabem lidar com certos contratempos ou algo que não corre como elas querem, acabam por criar uma sensação de ódio em torno daquilo que não conseguem "controlar". Parece uma situação de "8 ou 80" em que "ou estás por mim ou estás contra mim" e logo à primeira impressão é-se visto como inimigo.

As mentes ficam enviesadas em relação a tudo o que as rodeia e impede de fazer um raciocínio equilibrado sobre os factos. De um momento para o outro, as outras pessoas passam a ser valorizadas por terem poucos defeitos que até se toleram em vez de ser valorizadas pelas muitas qualidades que têm. Pior do que isso, o ódio e o rancor cria um sentimento de negação que num ápice elimina quaisquer qualidade que possa ter sido detectada.

Mais cego do que o que não vê, é aquele que não quer ver...

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Avareza

Tal como os pecados anteriores, Avareza associa-se aos excessos. Refere-se ao egoísmo e à ganância da busca desmesurada por determinado tipo de bens, para proveito próprio em detrimento de outras situações possivelmente benéficas para mais pessoas.

Um avarento além de se apegar a algo e não ser capaz de se soltar desse bem, e mesmo que não o precise, não se mostra disposto a liberta-lo para alguém que o necessite.

Vivemos rodeados por egoístas e gananciosos, que apenas conseguem olhar para si e para o seu próprio bem. O desejo natural de pretender algo é logo corrompido pela forma como as pessoas procuram alcançar o seu sucesso, muitas vezes à custa dos outros. Muita gente pensa que apenas eles têm direito a algo e que todos os outros têm para com ele alguma espécie de dívida.

Prioridade a mim que o resto supostamente pode esperar até que eu fique satisfeito...

Considero incompreensível este tipo de mentalidades. Ajudar e colaborar com os outros, fazer com que eles também alcancem o que pretendem é uma virtude. Partilhar? Dividir? Porque não? Basta ter a capacidade de racionalizar as coisas e usar apenas o que necessitamos em vez de aproveitarmos tudo ao máximo a nosso belo prazer. É preciso saber dar para saber receber e normalmente um avarento só quer receber e acha que nada se deve oferecer.

Vale a pena respeitar uma pessoa deste tipo? Consegue ser feliz, ou viverá apenas na sua ilusão? Usufruirá das verdadeiras virtudes e belezas da vida? Será ele exemplo para alguém? Penso que sim. Mais que não seja um exemplo a não seguir...

"A avareza torna odioso o homem; a liberalidade torna-o estimado."
( Boécio )

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sangue quente

Todos nós já nos sentimos atacados ou ameaçados de tal forma que os nossos instintos fizeram com que tomássemos determinadas atitudes que aos nossos olhos são correctas mas que no fundo acabam por não ter grande razão de ser.

A comunicação é das coisas mais difíceis no nosso dia-a-dia pois normalmente o ruído/feedback implícito numa mensagem, faz com que o receptor não compreenda a sua essência, ou então, lhe dê um significado totalmente diferente do previsto. É mais fácil acreditar naquilo que queremos ouvir ou achamos ser real do que acreditar numa verdade que não queremos acreditar.

Acabamos por imaginar cenários e situações que não correspondem à verdade. Sentimos-nos traídos e/ou ofendidos com certos comportamentos e palavras e por isso pensamos que temos direito e razão para efectuar determinado tipo de comentários. Agimos de sangue quente, quase sem escrúpulos, cegos de raiva e cheios de ódio por uma situação que se calhar não tivemos o discernimento de analisar com conta, peso e medida. Cometemos juízos precipitados e agarramos-nos ao que parece ser mais evidente, em vez de procurarmos entender efectivamente o cerne da questão.

Existe muito comodismo e teimosia à nossa volta e acredito plenamente que se canalizássemos os nossos esforços noutras direcções, talvez fosse mais fácil analisar o que nos rodeia e teríamos o discernimento necessário para ver os factos como eles realmente são e não como tememos que eles se estejam a tornar.

Todos nos precipitamos, mas todos devemos procurar uma nova oportunidade para corrigir isso...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Problemas, Culpas & Soluções

Quando as coisas correm mal, acabamos por procurar a saída mais fácil. Geralmente, cortar todo o mal pela raiz ou fingir que não se trata de nada connosco. Da mesma forma que existem ilusões que nos fazem querer algo com muita força, podem existir ilusões que nos fazem acreditar que o melhor caminho a seguir é única e exclusivamente, desistir.

O que é que nos leva a pensar isto? Talvez um sentimento de impotência e medo que nos deixa incapazes de lutar por algo que até então não deu resultado. Se está assim, como é que pode melhorar? Bem, voltar à estaca zero ou simplesmente "matar" o assunto pode acabar por aliviar tudo. Mas será que resolver?

Num emprego, uma pessoa é transferida para outra área, por fraco desempenho. Será que foi incompetência, ou falta de orientação? Nestas situações, em vez de se agarrar numa só ponta da corda, talvez seja mais prudente ver os dois lados da moeda. De quem será a culpa? Muito provavelmente de todos. O que fazer? Castigar? Não...

Penso que o melhor será mostrar a disponibilidade para ajudar. Erros todos os temos, pois errar é humano. Devemos estar dispostos não a encontrar culpados, mas sim as suas soluções.

Certo é que muitas vezes não nos apercebemos que a melhor solução está na compreensão do problema. Sem entender qual é o problema, de nada adianta procurar uma resolução...

terça-feira, 1 de abril de 2008

Tudo pode resultar

Recentemente recebi a notícia de que uma das pessoas mais importantes na minha vida decidiu dar mais um passo em frente e unir-se em matrimónio com o seu companheiro de há algum tempo.

Sentado no meu canto, fui assistindo à "peça de teatro" que tem sido as suas vidas e onde cada um representou o seu papel. Obviamente que conheço melhor uma das partes, mas hoje sei dizer aquilo que cada uma representa e pode dar à outra. A sua relação serve de exemplo para mim, face a tudo o que tiveram de enfrentar. Situações menos agradáveis, como "ataques" à sua relação chegaram a ser acontecimento frequente. O entendimento entre ambos chegou a deteriorar-se. Chegaram a duvidar se seria aquilo que queria e por um isso, um período de separação serviu para consolidar a verdade e aperceberem-se daquilo que realmente queriam.

São para mim um exemplo de vontade, persistência e sobretudo, de Amor. Não baixaram os braços e lutaram pelo que sentiam. Fizeram frente às ameaças que apareciam e utilizaram-nas para fortalecer a sua relação. Nunca desistiram daquilo que queriam e que parecia que outros não queriam que eles quisessem. Mesmo as suas diferenças de personalidades não constituíram um obstáculo, pois com o tempo aprenderam não a mudar a sua forma de ser mas sim a adaptar-se à pessoa com quem queriam estar.

Hoje estão felizes, com quem querem estar. E quem gosta deles, como eu gosto, partilha de toda essa felicidade.

Parabéns amigos!